Hoje vou escrever sobre um episódio que me marcou muito este ano.
Nesses quase seis anos de maternidade (uau quase uma pós graduação!!) tem uma coisa que eu aprendi: eu sou o exemplo dos meus filhos. E é muito difícil ser exemplo o tempo todo…
Era um belo dia de sol, e estávamos muito empolgados para ir num novo brinquedão de água que só abre no verão.
Chegamos lá e descubro um pequeno detalhe: a idade mínima para as crianças poderem ir no tal brinquedo era de 6 anos.
Meu filho tem cinco e meio.
Ele já é grandinho e sabe nadar, e neste brinquedão o uso de colete salva vidas era obirgatório. Não achei que teria problema algum ele ir. E quando nos inscrevemos para entrar no brinquedo, ninguém perguntou a idade dele. Deixaram ele entrar direto.
Enquanto ele ia colocando o seu colete, uma turista que estava por lá perto perguntou:
“Que menino bonito! Quanto anos ele tem, seis?”
Eu, com medo de que a mulher pudesse nos delatar para os responsáveis do brinquedo, mexi a cabeça e afirmei que sim. Respondi em voz baixa, quase num sussurro, disfarçando para os meus filhos não escutarem a minha pequena mentirinha branca.
Coletes postos, tivemos uma manhã encantadora no brinquedão, com direito à muita diversão e risadas.
Quando estávamos indo embora (veja bem, já havia se passado mais de duas horas que estávamos lá) meu filho vira para mim e pergunta:
Pega de surpresa, fico sem resposta. O que eu posso dizer? Como explicar para um menino de cinco anos que as vezes uma mentira inofensiva é politicamente aceitável, dependendo do contexto?? Ele terá o discernimento para entender? Ou vai começar a achar que mentir é normal? Será que devo mentir (de novo!!) pra ele e dizer que não, eu não menti para a mulher e ele que se confundiu?
Reflito um pouco sobre as minhas opções. Lembro da história de minha amiga Márcia, fisioterapeuta, de quando ela era pequena. Um dia, a vizinha que vendia pano de pratos tocou a campanhia procurando a mãe dela, provavelmente para mostrar os novos modelos da coleção. Márcia então chamou a mãe pela porta, e esta, por sua vez, se escondeu e fez um acentuado ‘não’ com o dedo indicador, sinalizando com os lábios “Diga que eu não estou!!”.
Este foi o dia em que Márcia aprendeu a mentir, e ela lembra-se dele até hoje. Quase 35 anos depois.
Entre todas as opções que voam pela minha mente, a história da Márcia, os prós e contras de cada saída, eu finalmente escolho a reposta mais honesta que pude:
Fui até a mulher, que estava a uns 10 passos de distância. Falei qualquer amenidade sobre o clima, ou sobre como estava cheio o parque. E voltei até os meus filhos, que me observavam atentamente.
Guardamos nossas coisas e fomos embora, em silêncio.
Muito complicado mesmo 🙂 Acho que não tem resposta certa. Ficamos a pensar se as mentiras brancas que contamos são realmente necessárias. Seria correto perder o dia de diversão para não incorrer em uma mentirinha? Por mais pequeno que pareça o incidente tem muito ai dentro…
Gostei da saída em!!! 🙂