A história da calcinha

Para ler esta história você precisa se despir de todo e qualquer julgamento. Eu sei que é normal julgar os outros, fazemos isso todos os dias, blá blá blá.. Mas eu queria contar essa situação do jeitinho que aconteceu e me sentiria mais a vontade se meus queridos leitores me acompanhassem nessa empreitada livres de avaliações.

Era dia de “fundo do mar” na colônia de férias da minha filha. Ou seja, todo mundo ia fantasiado de seres do fundo do mar. Obviamente, minha filha nada influenciada pela mãe, ama as princesas da Disney e optou usar o seu lindo vestido da princesa Ariel- ou da Pequena Ariel, como ela a chama (para quem não sabe quem é, estou me referindo à Pequena Sereia. A princesa mais linda da Disney. Dê um google.)

Acordamos animados e minha filha se vestiu sozinha.

EU: Uaaau que linda você ficou!!

Escolhemos uma presilha de estrela do mar, penteamos o cabelo, colocamos uma sandália verde e VOILA! Prontas.

Verifiquei se todos estavam devidamente calçados, comidos, etc, e fomos para o carro.

Da minha casa até a colônia de férias dá uns 15 minutos.

Já havíamos percorrido mais da metade do caminho quando minha filha anuncia solenemente (como quem conta que foi à padaria comprar pão):

EU (incrédula): COMO SEM CALCINHA?? VOCE NAO PÔS CALCINHA????

Nem pensei em verificar se ela estava de calcinha antes de sair de casa. Afinal de contas, é uma coisa bem óbvia de se pôr. Não? Em geral o primeiro item da nossa vestimenta. E normalmente minha filha sai COM calcinha, como qualquer pessoa normal. Deve ter sido a empolgação em colocar a fantasia.

O fato era: minha filha estava sem calcinha. E adivinha? Na mochila dela justo hoje não tinha troca de roupa… Por que? Porque hoje não era dia de piscina. E porque Murphie e suas leis imperam sempre né?

Opções:

1- voltar pra casa pegar uma calcinha – fora de questão, eu tinha uma reunião e não daria tempo de refazer todo o percurso.

2- comprar uma calcinha no caminho – Hm. Boa. Se eu encontrar alguma coisa aberta antes das 9h da manhã. 

3- ir sem calcinha – por motivos óbvios, fora de questão. Nem sei porque coloquei como uma opção plausível. 

Bom, achei uma loja aberta. UMA. Daquelas de roupas francesas carésimas, que mancham só de olhar, e a criança assim que põe o vestido suja de molho de tomate ou de suco. O que a loja francesa estava fazendo aberta antes das 9 da manhã? Não sei. Talvez estivesse no fuso horário europeu.

Mas, no desespero, vamos tentar né? Vai que esteja em promoção. Vai que eles estejam distribuindo brindes justo hoje. E numa onda de otimismo desses Vai Que, lá fui eu.

Abri o jogo com a vendedora (impecável, diga-se de passagem.)

EU: Moça, minha filha saiu sem calcinha, preciso comprar uma calcinha. Você tem?

MOÇA (com um sorriso gentil): Não trabalhamos com roupas íntimas… Mas temos biquini.

Legal!! Biquini é uma ótima!!

EU: Pode ser!

Aí ela me mostra o tal do biquini.

Preço: R$ 359,00. Não é mentira. É sério.

Fora de cogitação.

Agradeci e saí da loja.

Já tinha perdido uns 3 minutos nessa parada.

Voltei pro carro e tive uma luz:

EU: FILHO DA SUA CUECA PRA SUA IRMÃ!! E VESTE SUA SUNGA.

Eu acho que eu devia estar com uma cara muito nervosa, porque eles nem discutiram. Em segundos minha filha estava de cueca e meu filho de sunga.

E seguiram seus dias como se nada tivesse acontecido. Minha filha de cueca e meu filho de sunga. Irmão é pra isso mesmo, né?

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