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Cadeira de rodas

Há pouco mais de um mês atrás eu tive que passar por uma cirurgia. Caí e me machuquei feio. Eu sei, bobeei. Acontece nas melhores famílias! No início tentei salvar a coisa com fisioterapia, medicamento e repouso, mas como nada deu certo, tivemos que ir pra faca.

Tudo bem, lá vamos nós. Uma cirurgia minimamente invasiva no quadril.

MÉDICO: “Você dorme, e aí a gente vai só vai entrar aqui pela perna esquerda, fazer uns furinhos, você não vai nem sentir. Sairá do hospital no dia seguinte, fica umas semanas sem encostar o pé no chão. É tranquilo! Coisa simples”

Ah, tudo bem! Do jeito que eles falam parece que será realmente um passeio no campo. E preciso dizer que, a princípio, foi. Você já tomou anestesia geral? Deve ser essa a sensação do verdadeiro sono dos justos. Há anos não durmo tão bem! Um sono delicioso, pesado, nutritivo. Acordei plena e relaxada como nunca.

Bom, corta para o dia seguinte da operação. Como eu estou?

Chego em casa e tenho três crianças olhando para mim. A primeira coisa que noto é que eu estou literalmente na altura deles.

Sim, sou eu. Estou medicada até o último fio de cabelo (para não sentir dor) e a perna esquerda eu simplesmente não sinto. É como se ela fosse apenas um peso atrelado ao meu corpo. Mas, tudo certo, segundo o médico “tudo de acordo com figurino! Segue o baile”.

Então… sigamos o baile.

Os primeiros dias foram realmente de apreensão e cuidado. Estou cheia de pontos, com dor e esgotada. Minha filha de oito anos super cuidadosa faz ovos mexidos e me traz na cama (dois ovos, queijo ralado e parmesão. Salpicado com cebolinha por cima se quiser dar um gostinho!). Minha pequena com toda a delicadeza que lhe cabe traz os livrinhos da Silvana Rando e Histórias do Teddy para lermos juntas na minha cama.

O que fazemos repetidas e repetidas vezes !

Em quatro dias após cirurgia já havíamos nos adaptado a essa “nova realidade” da mamãe de cadeira de rodas (que perdurou por um mês). Meu filho de dez anos tornou-se meu motorista particular pela casa, me levando por todo os cantos.

Digamos que se isso fosse vida real, ele teria perdido a carta no primeiro dia.

Graças aos céus não tivemos nenhum acidente de percurso significativo – a não ser com os batentes das minhas portas e os rodapés da casa, que nunca mais serão os mesmos.

A fase da cadeira de rodas passou, depois veio a do andador – que não foi tão bem recebida assim, afinal, a cadeira de rodas era muitoooo mais legal! Agora estou fazendo fisioterapia e “reaprendendo” a andar. As crianças dizem que eu deveria pedir dicas para a minha sobrinha de dois anos, afinal:

Acho natural. Quem sabe não dou uma ligada para ela?

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Brincadeiras a parte, porque é isso que eu procuro fazer aqui – encontrar leveza onde for possível – gostaria de fazer um adendo importante. Vivi por um mês essa sensação de não poder andar, de não ter liberdade e independência para fazer as coisas. De usar uma cadeira de rodas para conseguir me locomover minimamente pela minha própria casa – porque fora de casa, só consegui sair com ajuda.

Nunca achei que sentiria tanta falta de poder sair na rua sozinha para comprar um chiclete. Ou, que seja, coisas tão ordinárias quanto conseguir pegar uma encomenda no elevador ou simplesmente vestir uma meia sem ajuda.

Valorizemos as pequenas conquistas de todo dia. 

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Semana Detox… de telas

Depois de meses em quarentena – Obrigada China, obrigada morcegos. Obrigada políticos. Obrigada a sei lá quem mais dá para culpar. Obrigada. – decidimos fazer uma semana detox aqui em casa.

“Mas detox? Vocês estão comendo light?”

Não, nada a ver com comida ou dietas radicais abomináveis (conforme vocês puderam ver no post anterior, não estou conseguindo focar nisso no momento). É um detox de telas.

Significa que as crianças ficariam uma semana INTEIRA sem ver televisão ou brincar em tablets, videogames e celulares.

Não que eles fiquem MUITOO. Eles só tem ficado… muito. O consumo de eletrônicos aumentou significativamente durante a pandemia. Antes, éramos super regrados. Eles só podiam usar eletrônicos de sexta feira E de domingo. Não havia discussão.

Agora eu acabo deixando um pouco todos os dias. Porque sou um ser humano exausto.

E como eles estavam se tornando cada vez mais viciados – infelizmente as telas fazem isso com as pessoas… quanto tempo por dia você passa no celular? Já olhou? É assustador – decidimos fazer um detox de telas.

Isto é, uma semana inteirinha sem acesso à telas.

Enfim. Segue um relato de como foi a experiência aqui em casa:

Dia 1:

Muito choro e reclamação. Nos tornamos os piores pais do mundo. Injustos e sem coração.

Eles iam esquecer tudo o que estava acontecendo nos desenhos que estavam acompanhando. E por nossa causa TODOS os moradores do The Sims iriam morrer.

As crianças não sabiam o que fazer com si mesmas. Só sentiam a raiva crescente no peito e buscavam nos punir por fazer uma atrocidade daquelas com eles.

Confesso que quase desisti do plano.

Dia 2:

Insistiram de novo. Tentaram barganhar.

Como vocês podem ver, estava fácil a vida. Novamente fomos chamados de pais injustos. Escondo o controle da televisão e os tablets no armário do meu quarto, afinal, como dizia o ditado?

Ah. O que os olhos não veem o coração não sente.

Dia 3:

Começam a lembrar de brinquedos que estavam escondidos nos cantos dos armários e que eles não brincavam faz tempo.

Jogos como Cara a Cara, Lince e Twister são desenterrados e voltam a conhecer a luz do dia.

Passaram MAIS DE UMA HORA entretidos numa brincadeira onde eram policiais investigando um crime (não souberam me explicar qual era o crime, mas me garantiram de que a investigação estava indo bem). Nem mencionaram as telas.

Dia 4: 

Consigo identificar um novo tipo de companheirismo entre eles. Parecem mais gentis e amigáveis. Brigam menos. A casa parece mais calma e civilizada.

Tento me lembrar da pesquisa que li a respeito do assunto. As telas deixam as crianças mais agressivas? Menos criativas? Passivas e vegetantes olhando para o nada. Era isso mesmo?

No fundo eu sei que sim. Mas secretamente espero que não.

Dia 5:

É quase como se as telas nunca tivessem existido. Continuam na brincadeira de investigação (curtiram a ideia de policial)

Fizemos o brownie e eles nem brigaram para lamber a forma. As meninas brincam de casinha, médica e cientistas.

O único que ainda sofre  de abstinência é meu filho de dez anos, que precisa desesperadamente ouvir suas músicas (Legião Urbana, Raul Seixas e Engenheiros do Havaí. Não me pergunte como, desconfio de que estou criando um adolescente revoltado dos anos 90.) Ele também quer continuar mantendo a família e a linda moradia que construiu no The Sims.

Dia 6:

Minha filha de três anos encontra o tablet escondido e todas as memórias voltam, uma a uma. Imagino que ela tenha lembrado de si mesma de banho tomado e pijama assistindo a Masha e o Urso depois de um dia cheio. Ela chora.

Pede pelo desenho.

Quero dar – porque sou dessas. Quero dizer:  “parabéns, meu amor, você aguentou muito bem, pode assistir um pouco de netflix.”

Mas o marido segura as pontas. Diz que não. Vamos distrair ela um pouco.

Levo-a dar uma volta de carro e comprar um picolé. Vemos carros, cachorros e gente. É uma distração excelente.

Voltamos para casa mais calmas.

Mas durante vários períodos do dia lembra do tablet e pede por ele. De vez em quando até chora.

Dia 7:

Cansei. Estou exausta. Preciso retornar uma ligação, responder vários emails e terminar o meu trabalho. Libero um pouco de filme depois do banho.

Conclusão:

Crianças vivem mais do que bem sem telas. A pessoa que mais sofreu com a semana sem telas, fui eu.

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Quando a polícia me parou

Essa é uma daquelas histórias em que eu peço para você, caro leitor, se despir de todo e qualquer julgamento. Eu sei que é normal julgar os outros, que fazemos isso o tempo todo, etc, mas hoje preciso de um pouco de amor de você.

Pronto? Parou de julgar? Então vamos lá.

Era uma tarde quente, e eu levei as meninas para tomar um sorvete.

Saindo da lá (com alguns chocolatinhos a mais do que o previsto), acomodei as duas no banco de trás, sentei no meu lugar, tranquei o carro, liguei e quando comecei a dar marcha ré, o alarme do carro disparou.

Sabe aquele alarme insuportável e alto que atrapalha todo mundo? E que a gente xinga quando escuta tocando por mais do que 10 segundos? Então. Esse.

O que essa mãe inteligente que vos escreve fez então?

a) Parou, desceu e tentou resolver o problema.

b) Como estava muito próxima de casa, pensou “bom, deixa eu chegar em casa que a gente resolve isso”

Se você escolheu a primeira opção, devo dizer que você superestima muito a minha maturidade.

E se você optou por B, você acertou.

Não desci para resolver o problema. Estava todo mundo me olhando. Que vergonha. Eu queria ir embora, e como eu estava muito próxima de casa, pensei “bom, deixa chegar em casa que a gente resolve isso”

E então segui dirigindo, com o alarme disparado até em casa.

As meninas brincando no banco de trás, totalmente alheias à situação. Parei no semáforo e tentei desligar o carro, ligar de novo. Destrancar e trancar. Tentei apertar o botãozinho da chave. Enfim, tentei o que dava para tentar naquele momento. Estava distraída nas minhas vãs tentativas de fazer o alarme parar, quando percebo pelo retrovisor que há pessoas se aproximando do meu carro.

Agachadas. Uniformizadas.

E com armas em punhos.

Tipo cena de filme, quando os agentes se aproximam de uma porta ou de um corredor abaixados tentando se proteger porque não sabem se serão surpreendidos pelos ladrões, sabe?

Imagina a cena.

Antes de entrar em pânico, noto que são policiais. Seis deles. SEIS. Dois vem pelo lado direito do meu carro, quatro pelo esquerdo. Uma viatura policial está estacionada bem atrás de mim, com as luzes piscando. Gente, da onde surgiu isso???

Se o carro está com a sirene ligada ou não, não sei dizer, pois minha audição está toda tomada pelo impiedoso alarme do meu próprio carro. Um policial de cabelo castanho que parece o líder do grupo enfia a arma no meu vidro (que é escuro) e faz sinal para eu abrir.

Estou meio em choque, sem entender. Mas bom, quando um policial armado com cara de mau te manda abrir o vidro você faz o que? Abre, é claro.*

Eis que ele grita para os colegas:

TEM CRIANÇAS!!

Como se ele tivesse acabado de dizer alguma palavra mágica, todo mundo baixa as armas e as esconde.

E então ele olha para para mim e diz, agora mais gentilmente:

Atordoada, encosto ali. Entendo o que está rolando: ele acha que eu roubei o carro e fugi com o alarme tocando. Oras, mas isso faria de mim uma fora da lei muito burra mesmo, né?

Começo a me desculpar, me sentindo envergonhada e totalmente culpada, com a certeza de que provavelmente há algum crime ocorrendo neste EXATO MINUTO em algum lugar nas redondezas e todos esses SEIS policiais não estão ajudando quem precisa de verdade porque foram distraídos por uma motorista sem noção, ou seja, eu.

Minhas filhas olham curiosas para o grupinho fardado que se juntou do lado do carro.

Desligo o carro. Mas o barulho continua.

BIII-BIII-BIIII

EU: Moço, mil desculpas. O carro começou a apitar e como eu estava muito perto de casa decidi voltar correndo, pra ver se resolvo isso lá.

O policial me olha como se eu tivesse algum problema mental. Mas suspira, dá um sorriso e pergunta:

ELE: O carro é seu? Você tem os documentos certinho?

Digo que sim.

BIII-BIII-BIIII

E aí sou tomada por uma ideia. Tiro a chave do contato – que, para ajudar no mico, é enfeitada por um penduricalho colorido de lego, golfinho e coração – dou na mão dele e peço:

EU: Será que você pode virar a chave aí na porta pra mim? Agora me ocorreu, talvez isso resolva.

Com firme delicadeza ele encaixa a chave no buraco, vira e magicamente, para meu alívio total, o insuportável barulho cessa.

O policial sorri.

O grupo de policiais comemora o silêncio com sorrisos compreensivos e palavras encorajadoras.

Peço desculpas novamente. Eles dizem que tudo bem, acontece, mas que um carro com alarme disparado andando pelas ruas de SP é um tanto suspeito, então para tomar cuidado da próxima vez.

Quero enfiar minha cabeça na terra e sumir. Agradeço de novo, peço desculpas de novo. E dirijo as duas quadras que faltavam até chegar em casa tentando não causar mais.

Fico feliz em constatar que chegamos sãs e salvas, sem novos dramas pelo caminho.
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* Estou ciente de que poderiam ser ladrões disfarçados de policiais. Mas estava muito real e exagerado para ser mentira… e eu sabia que eu estava fazendo algo de errado. Enfim. Que bom que não eram.

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Pijama na escola

O drama da vez é que minha pequena recusa-se a trocar de roupa para ir à escola. Toda manhã para tirar o pijama é um escândalo, com direito à lagrimas, gritos, fugas pela casa, etc.

O que é totalmente compreensivo: tirar o pijama quentinho de manhã cedo para se trocar é um martírio, vamos falar sério? Eu, se pudesse, passava o dia todo de pijama também. E mais algumas horinhas na cama. Mas a vida real não permite isso, a vida real obriga a gente a madrugar, escovar os dentes, vestir algo decente e estar em lugares nos horários certos.

Então lá vamos nós para a batalha diária que é vesti-la antes de ir pra escola… A luta é real. Envolve todo um trabalho de argumentação e convencimento, muito diálogo e paciência . Um tempo que certamente não dispomos em nossas corridas e atarefadas manhãs.

Sei que tem cara de birra, mas o sofrimento dela parece genuíno. Ela chora, as lágrimas escorrem nas bochechas gorduchas enquanto ela implora pelo pijaminha. E bom, meu coração mole de mãe diz: qual o problema de uma menininha de dois anos usar o seu pijama feliz e contente, oras? Não é algo que ela vá poder fazer pra sempre na vida dela.

Eu, por mim, deixava ela passar o dia de pijama mesmo.

Mas… vida real, né?

Às vezes ela aceita trocar a calça do pijama, mas faz questão de manter a parte de cima. O que pra mim já é uma grande vitória!

Às vezes, muito raramente, ela topa ir fantasiada de princesa da Disney

Mas não é o ideal, porque lá ela brinca na areia, com tinta e esses vestidos de princesa não são nada práticos.

Outra técnica que eu uso é contar a história da linda menina que só gostava de usar pijama, então as roupas dela, coitadas, viviam tão tristes e solitárias esquecidas na gaveta. Pobres roupas. Queriam tanto ser usadas. Queriam ver a luz do sol, passear, conhecer o mundo… (momento mamãe dramática em ação)

Às vezes funciona. E ela, relutante, diz:

Espero não estar traumatizando a menina…

E, bom tem dias, quando o apego está mais intenso e já estamos atrasados, que eu mando ela de pijama mesmo, com uma roupinha extra na mochila.

Não é o cenário ideal, mas é o que temos para hoje.

Essa semana, a escola mandou um bilhetinho na agenda “Querida mamãe, favor tirar o pijama e vestir roupa para vir à escola. Obrigada!”

Se fosse meu primeiro filho, eu me sentiria completamente julgada, a mãe mais relapsa do planeta. Mas como se trata do terceiro ser humaninho que coloco no mundo, só consigo pensar em responder algo como: “Nossa, ela foi de pijama? Que loucura, eu não percebi!! Na verdade, eu estou mandando ela de pijama deliberadamente, porque acho que integra o ambiente escolar e o familiar. Assim, a escola se torna mais íntima para ela. Aliás, pijama não é a última moda em Paris?”

Mas escrevo apenas: “Queridas professoras, tentarei! É uma dolorosa luta diária. Obrigada, Mamãe”

Pensando em imprimir e anexar este post na agenda dela amanhã….

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PS: Hoje ela foi com a parte de cima do pijama. Vamos que vamos. 

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Lista de férias

Chegaram as férias! A época mais esperada pelas crianças e temida pelos pais. Compilei uma lista de 15 coisas que pretendo fazer com eles nesse período tão calmo e tranquilo do ano. Vamos ver se consigo realizar todas:

1. fazer uma fotografia de família bonita – daquelas que a gente põe roupa combinando e encontra um ponto da casa que está arrumado pra fazer o clique. Todo mundo tem que sair sorrindo e para isso a gente suborna as crianças com doces e sorvetes.

2. pintar um quadro (a ideia é despertar o picasso – ou tarsila, van gogh, ou romero britto… vai de gosto pessoal – que existe dentro de nós. Consiste em comprar telas, pinceis, e um jogo de tintas. Ah, e forrar a casa inteira com jornais e deixar lenços umedecidos a disposição)screen-shot-2016-12-20-at-3-38-20-pm

3. fazer um bolo (por mais que a gente faça durante o ano letivo é sempre com um pouco de pressa, e nunca dá tempo de fazer a cobertura)

 

4. fazer uma refeição “bem saudável” (pizza, hot dog, hamburger… o que der na telha)

5. tomar um banho de chuva (parece um pouco clichê… mas não é. Honestamente, não lembro quando foi a última vez que meus filhos realmente curtiram uma chuvinha de roupa e tudo!! Lembro que eu na infância fiz isso algumas vezes e foi TÃO gostoso)

6. pular numa poça de lama (sonho deles desde que eles assistiram a Peppa pela primeira vez..)

7. entrar na piscina e sair só quando a pele estiver bem enrugadinha (ou “chupadinha”, como eles chamam.. porque nas férias não tem hora pra nada.. o importante é ser feliz. E gastar muita energia)screen-shot-2016-12-20-at-2-56-31-pm

8. dormir tarde (ok, tarde pra meus filhos dormir tarde é dormir as 21h. Mas tá valendo, super aventureiros!!)

9. fazer uma casinha de caixa de sapato (tenho uma caixa de um tênis do meu filho guardada há mais de seis meses esperando por esse momento. O tênis inclusive já rasgou e se tornou inutilizável. Por que eles duram TÃO pouco??)

10. acompanhar o crescimento do nosso pezinho de feijão (porque no dia a dia a gente esquece de olhar como cresceu de um dia por outro e de repente as crianças já veem a planta pronta crescida!!)

11. tomar um sorvete extravagante (com direito a cauda de chocolate, MMs, cerejas, suspiros, e quantos acompanhamentos a gente quiser!! – se bem que conhecendo meus filhos, já sei que vou acabar comendo o negócio inteiro e eles vão ficar cheios depois de três colheres)screen-shot-2016-12-20-at-3-07-48-pm

12. assistir com eles um filme da minha infância (porque hoje em dia tem muito seriado infantil… tipo Peppa, Patrulha Canina, episódios do Lego e dos Angry Birds, Mickey Mouse Club House, Masha e o Urso… na minha época não existia essas modernidades, se a gente quisesse ver TV era ou filme da Disney ou programação da TV Cultura)

 

13. fazer um caça ao tesouro pela nossa casa (também na minha programação há meses mas no dia a dia simplesmente não dá tempo)

14. não ter pressa pra nada (fazer tudo com calma e tranquilamente, com horários um pouco mais flexíveis. Tipo deixar eles acordarem a hora que quiserem – o que na verdade não muda nada porque eles acordam TODO DIA entre 6:30 e 7 horas. Inclusive domingos e feriados ou quando vão dormir mais tarde...)

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15. último (e meu preferido): deixar eles ficarem desocupados. Simplesmente brisando, olhando para o teto e pensando na imortalidade da alma ou algum outro assunto irrelevante.

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A vaca morrida

Este é um post sobre o dia em que vimos uma vaca morta na estrada.

Você já viu uma vaca deitada no meio da estrada? Eu nunca tinha visto. Foi uma experiência nova para mim e para o meu marido, e um tanto chocante para os meus filhos.

Estávamos viajando já há algumas horas por uma estradinha de duas mãos, cheia de curvas.

A situação dentro do carro era caótica (não vou ilustrar, vou deixar para suas mentes criativas imaginarem os pacotes de biscoitos, restos de maçã, papel kleenex jogados, garrafas de água vazias, etc) quando de repente passamos por uma vaca caída no meio da estrada. Gigantesca, branca. Uma cena chocante. Não havia sangue nem nada, apenas a vaca, e alguns carros parados prestando suas condolências na faixa ao lado*.

Ela estava tão serena que algum desavisado poderia imaginar que ela estava dormindo.

Com dois filhos pequenos no carro, nós não paramos. Deixamos a vaca para trás e continuamos nosso caminho, cada um absorto em seu silêncio, digerindo a cena, quando do banco de trás vem uma vozinha:

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Era minha filha.

EU:……. é verdade filha..

FILHA: Que nem eu né?

EU: Isso mesmo. Igual você.

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EU (e marido) HAHAHAHAHAHHAHAHA

FILHA: E aí ela fica assim, morrida.

O que eu posso dizer? Foi um aprendizado, passar pela vaca morta. Sem eu precisar falar nada, muitas lições ficaram para as crianças: temos que obedecer a mamãe, dar sempre a mão para atravessar a rua, estar sempre atentos…

Querida vaca da estrada, obrigada por me ajudar na árdua tarefa de educar os meus filhos, mesmo que só por alguns segundos. Sinto muito. Descanse em paz.

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Neste post aqui já falei sobre vacas na estrada. Mas no caso elas estavam vivas.

*Não havia ninguém fazendo contato físico e direto com a vaca, deitado em cima dela e abraçando-a como no filme do Eu Eu Mesmo e Irene. Isso foi um pouco decepcionante, confesso. 

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A mentira

Hoje vou escrever sobre um episódio que me marcou muito este ano.

Nesses quase seis anos de maternidade (uau quase uma pós graduação!!) tem uma coisa que eu aprendi: eu sou o exemplo dos meus filhos. E é muito difícil ser exemplo o tempo todo…

Era um belo dia de sol, e estávamos muito empolgados para ir num novo brinquedão de água que só abre no verão.

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Chegamos lá e descubro um pequeno detalhe: a idade mínima para as crianças poderem ir no tal brinquedo era de 6 anos.

Meu filho tem cinco e meio.

Ele já é grandinho e sabe nadar, e neste brinquedão o uso de colete salva vidas era obirgatório. Não achei que teria problema algum ele ir. E quando nos inscrevemos para entrar no brinquedo, ninguém perguntou a idade dele. Deixaram ele entrar direto.

Enquanto ele ia colocando o seu colete, uma turista que estava por lá perto perguntou:

“Que menino bonito! Quanto anos ele tem, seis?”

Eu, com medo de que a mulher pudesse nos delatar para os responsáveis do brinquedo, mexi a cabeça e afirmei que sim. Respondi em voz baixa, quase num sussurro, disfarçando para os meus filhos não escutarem a minha pequena mentirinha branca.

Coletes postos, tivemos uma manhã encantadora no brinquedão, com direito à muita diversão e risadas.

Quando estávamos indo embora (veja bem, já havia se passado mais de duas horas que estávamos lá) meu filho vira para mim e pergunta:

mentira 2

Pega de surpresa, fico sem resposta. O que eu posso dizer? Como explicar para um menino de cinco anos que as vezes uma mentira inofensiva é politicamente aceitável, dependendo do contexto?? Ele terá o discernimento para entender? Ou vai começar a achar que mentir é normal? Será que devo mentir (de novo!!) pra ele e dizer que não, eu não menti para a mulher e ele que se confundiu?

Reflito um pouco sobre as minhas opções. Lembro da história de minha amiga Márcia, fisioterapeuta, de quando ela era pequena. Um dia, a vizinha que vendia pano de pratos tocou a campanhia procurando a mãe dela, provavelmente para mostrar os novos modelos da coleção. Márcia então chamou a mãe pela porta, e esta, por sua vez, se escondeu e fez um acentuado ‘não’ com o dedo indicador, sinalizando com os lábios “Diga que eu não estou!!”.

Este foi o dia em que Márcia aprendeu a mentir, e ela lembra-se dele até hoje. Quase 35 anos depois.

Entre todas as opções que voam pela minha mente, a história da Márcia, os prós e contras de cada saída, eu finalmente escolho a reposta mais honesta que pude:

mentira a

Fui até a mulher, que estava a uns 10 passos de distância. Falei qualquer amenidade sobre o clima, ou sobre como estava cheio o parque. E voltei até os meus filhos, que me observavam atentamente.

Guardamos nossas coisas e fomos embora, em silêncio.

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A vaca na estrada

Na minha época de criança as estradas eram cheias de gado. Coisa linda. Tinha vaca, carneiro, cavalo… espalhados naqueles pastos enormes.

Hoje em dia as coisas não são mais assim. Bom, pelo menos em São Paulo. Até tem vaca de vez em quando, mas não que nem antigamente. Aí quando acontece de ter vaca, eu aponto freneticamente e grito para as crianças:

EU: Gente olha ali a vaca!  Olha filho!! Olha filha!! ALI! Que lindas!!!

Lá estão elas, no pasto verde e grande. Há dezenas espalhadas! Pastando, comendo, caminhando.

vaca

A visão das vacas deve durar uns cinco segundos, com sorte.

Então, assim que passamos por todas e que não sobrou nenhuma, minha filha de dois anos sentada na sua cadeirinha olha atentamente pela janela e pergunta: vaca 2

Que dó… Nunca dá tempo dela ver. Vai ficar pra próxima. Quem sabe.

As vezes tenho dúvida se vale a pena mostrar os bichos na rua, quando passamos por algum pássaro perdido. Porque quando as crianças não conseguem ver é tão frustrante, tadinhos. Minha filha pelo menos segue choramingando o caminho todo.

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infantilês

cáca = vaca 

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Como é sair de casa

Às vezes a gente sai de casa. Sabe? Pra passear, ou ir pra escola, para o supermercado… Enfim.

O negócio é que… o processo todo, desde o “vamos sair de casa??” até sairmos de fato, demora.

Quem tem filho, sabe.

Primeiro a gente se certifica que está todo mundo vestido, limpo, alimentado, com sapato no pé.

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Aí eu preparo a bolsa com coisas que podem ser úteis para eles. No meu caso, são coisas tipo fralda, lenço umedecido, água (vai que eles tem sede?), lanche (vai que eles ficam com fome?), casacos (porque esse clima de São Paulo ninguém merece), chupeta (salva vidas para hora do aperto).

Eu sei que fico andando pela casa feito barata tonta.

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Aí eu preparo a MINHA bolsa né? Porque mãe também merece. Celular? Check. Carteira? Check. Chiclete? Gloss? Lixa de unha? Enfim, cada mãe com sua loucura.

Nisso meus filhos já se sujaram (com lapis de cor, com água, com massinha, com lego.. com seja lá o que eles estão brincando. É uma capacidade impressionante que eles têm de se sujar.)

SAINDO4

Ok, troca a blusa. Sem stress.

Finalmente, tudo em mãos, chega o momento “se-eu-não-sair-já-eu-não-saio-mais”. Consiste em eu parar na frente porta de entrada da casa e berrar “CRIANÇAS TO NO ELEVADOOOOR. ELEVADOOOOR, VAMOS DESCER”.

Nessa hora eles até que ajudam. Vêm correndo, bonitinhos.

Entramos no elevador, descemos.

E é lógico que assim que chegamos na garagem, meu filho…

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Ai ai ai..

Mas aprendi a ter fé.. muita fé. No fim das contas, a gente sai de casa todo dia!! =D

E por aí? Também é uma novela pra sair de casa?

 

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Supermercado

Ir ao supermercado com as crianças é quase como ir ao parque de diversões: Tem gente bacana. Tem “carrinho que bate bate”. E principalmente, tem comida.

Eles chegam naquela animação, os dois correndo pro carrinho, ansiosos para ajudar a mãe.

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Nos primeiros 15 minutos minha filha fica sentadinha no lugar de criança. Ela faz questão de me ajudar, arremessando colocando todos os itens que eu seleciono dentro do carrinho.

Meu filho, por sua vez, quer me “ajudar” a selecionar o que vamos comprar…

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Quem PRECISA de batata pringles?

Enquanto caminhamos pelos corredores, ele vai pegando coisas que nem sabe o que é. Basta ter uma embalagem bonita.

Mas não dá pra ficar comprando pasta americana e fermento em pó toda semana né? Então a maioria dessas coisas “inúteis” eu consigo disfarçadamente retirar do carrinho e devolver nas prateleiras. Mas preciso ser discreta, pois se ele vê, fica ofendido.

SUPERM 1

Nisso, minha filha cansou do carrinho. Quer ir para o chão.

O problema é que com os dois no chão, o programa se torna muito mais complicado. Cada um vai para um lado!!

Ela adora a sessão dos congelados, ele já prefere a de doces.

 

SUPERMERCADO 4

No final do passeio, eles começam a reclamar.

Focada em terminar as compras, eu dou pra cada um deles um pacotinho de sucrilhos. Dependendo da gravidade da situação dou até um pirulito.

Por fim, a hora do caixa.

Também conhecida como A Hora Das Perguntas Sem Fim.

supermercado 0

Ainda bem que eles são adoráveis…

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PS: preciso confessar que as vezes ele traz boas ideias de comidas e ingredientes para fazer em casa.