Toda casa tem o seu rush hour. Aqui em casa acontece lá pelas cinco, seis horas da tarde, e é aquele conjunto de rituais diários que fazem parte da rotina de qualquer criança: banho, janta, cama, leite, etc.
Então, o banho aqui começa assim:
Eu chamo meu filho uma vez, mas não com muita força de vontade, porque provavelmente estou fazendo alguma outra coisa que não quero parar de fazer.
EU: Filhooo. Hora do banho.
Aí, alguns minutos depois, chamo de novo, ainda preguiçosamente:
EU: FILHOOOO, vamos tomar banho???
E por fim já deixei de fazer o que estava fazendo e chamo num tom mais autoritário:
EU: FI-LHO. BANHO JÁ.
Nessa hora ele finalmente larga tudo o que está fazendo e me obedece. Aí sai correndo pro banheiro, morrendo de rir.
Ha-ha muito engraçado.
Chegando lá, ele faz questão de tirar toda a roupa sozinho. E como ele tem três anos, é tudo beeeeem demorado.
Então primeiro ele tira o teeeeeenis. Depois tira a caaaaaaalça… Aí vem a meeeeia… cueeeeeeca…… casaaaaco… E por fim, a camiseta, que ele quase sempre pede minha ajuda porque não passa pela cabeça.
Depois disso, por algum motivo ainda não revelado, meu filho gosta de vestir a calça na cabeça como se fosse um chapéu, e sair correndo de um lado pro outro pelo corredor, cantando e rindo. Mais ou menos assim:
Depois de vê-lo repetir com tanta alegria esse costume dia após dia, eu aprendi a respeitar. Sei lá. Então deixo ele ir e voltar umas vezes pelo corredor e depois mando entrar na água.
EU: Filho. Muito bom, agora entra.
Ele entra, mas já vai logo me avisando que ‘hoje não vai lavar o cabelo.’
Faz algumas semanas que ele inventou uma regra aqui em casa: cada dia a gente vai “esquecer” de lavar alguma parte do corpo. E essa ‘alguma parte do corpo’ é sempre o cabelo.
Aí ele começa a brincar de suas brincadeiras aquáticas. Hoje em dia essas brincadeiras são um pouquinho violentas, não são mais tranquilas e civilizadas, como acertar as bolinhas na cesta ou fazer uma fila de bichinhos cantantes. Não. Hoje ele gosta de jogar todos os brinquedos pro alto. As bolas, a cesta das bolas, os bichinhos de borracha, um balde enorme de praia (que não sei como foi parar na banheira), os peixes de plástico, o barquinho de pirata. Tudo mesmo. Acho que ele gosta de ver aonde será que os brinquedos vão cair. Ou de sentir a água voando quando os objetos caem de volta nela… não sei, não descobri ainda o motivo.
O chão do banheiro fica todo molhado, uma beleza.
Bom, aí tem uma coisa que ele adora fazer em TODO banho: lavar o boxe.
Ele pega sua esponjinha do Nemo e vai fundo, fazendo espuma no vidro, todo contente. Não sei da onde ele tirou essa ideia, mas ele ama. Aí o boxe fica todo branco, molhado e grudento.
Depois de tudo isso, já é hora de sair e pôr pijama. E é claro que a hora de sair é exatamente igual a hora de entrar: ele está super ocupado com os seus milhões de brinquedos e não me escuta. Chamo a primeira vez. Depois chamo de novo. Até que a água já ficou gelada e eu já fiquei nervosa com medo dele ficar gripado.
Aí ele sai.
Primeira fase do rush hour completa. Agora vamos ao jantar….